terça-feira, 30 de junho de 2015

Backtesting CFS Junho/2015 e Previsão para Julho/2015

No último dia de maio o modelo CFS, por intermédio da média das suas últimas 40 saídas (10 dias), mostrava a seguinte projeção de anomalias de temperatura para o mês de junho.


Notem que pela projeção esperavam-se anomalias ao redor de +1,0C e +1,5C para a maior parte do sul do Brasil e entre +0,75C e +1,0C para a região da cidade São Paulo. Pelo mapa de anomalias realizadas (abaixo), nota-se que o padrão de anomalias positivas é confirmado para o centro/norte da Argentina, para o Uruguay e para o sul do Brasil (incluindo São Paulo), contudo com uma intensidade um pouco menor do que aquela prevista anteriormente. Nos planaltos gaúcho e catarinense as anomalias foram levemente positivas em relação à normal 1981/2010, enquanto que em Porto Alegre (representado no mapa por um leve risco laranja do Vale dos Sinos devido à sua baixa resolução) está ao redor de +1,0C. A região de Curitiba, Campanha e oestes catarinense e paranaense também apresentaram pouco frio nesse mês de junho.

Mais uma vez o CFS acertou que na região do Chaco e no Pantanal Brasileiro haveria anomalias negativas, sendo que estas  vem diminuindo sua área de abrangência mês-a-mês.

O agreste e sertão nordestino bateram quase que perfeitamente com o modelo.



O curioso do mês de junho, especialmente para o estado do Rio Grande do Sul e para o leste de Santa Catarina, é que o mês só registrou anomalias positivas em virtude do seu início atipicamente quente, quando foram registradas anomalias ao redor de +4,0C nos primeiros 10 dias na maioria de suas regiões, pois nos últimos 20 dias do mês o padrão foi contrário, apresentando mais frio que normal (entre -0,25C e -1,5C), tal como é ilustrado pelo mapa abaixo.




E o quê o CFS nos reserva para o mês julho já que continua com uma boa margem de acerto? O modelo voltou a incrementar a extensão da área de anomalia negativa na região do Chaco, diminuindo também as anomalias positivas no sul do Brasil e Argentina. Pelo modelo, julho será o 14o mês seguido de anomalias positivas na capital gaúcha, uma marca inédita na base de dados mantida pela NASA iniciada em 1949, e que trabalha com dados oficiais do INMET brasileiro.



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Comparação entre os Climas de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre

As três maiores cidades brasileiras localizadas sob a classificação do clima subtropical possuem correlações entre si. São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as três possuem estação fria e quente, e não registram estação seca. Entretanto, ao cruzarmos as variáveis climatológicas da normal 1961/1990 do INMET destas três capitais, podemos encontrar uma correlação mais estreita em duas destas cidades pela maioria das variáveis analisadas. Obviamente não são isolados os aspectos atrelados à altitude, uma variável que tende a compensar os efeitos da latitude especialmente no cômputo das temperaturas médias, e que em São Paulo e Curitiba cumpre um papel muito importante como regulador térmico. Contudo, variáveis como insolação, nebulosidade e precipitação tendem a ser bem menos influenciadas pela altitude, e talvez possam evidenciar melhor a dinâmica atmosférica (que independe da altitude) de cada cidade. Bom, vamos às comparações e vejamos o que podemos concluir após identificarmos correlações e diferenças no clima destas três cidades.

INSOLAÇÃO

O gráfico mostra uma correlação muito próxima entre Curitiba e São Paulo em praticamente todos os meses do ano. Nestas duas cidades o número de horas de sol possui uma leve tendência de alta entre janeiro e agosto sendo que, neste último, há um pico na cidade de São Paulo. Em Porto Alegre o gráfico possui comportamento muito diferente. Na capital gaúcha os verões são ensolarados, enquanto que no inverno é a capital com menor insolação entre as três.



NEBULOSIDADE

Essa variável é correlacionada com a anterior, afinal a insolação também varia em função da cobertura de nuvens (além da latitude). Porém, analisando apenas a cobertura de nuvens, Porto Alegre é bem menos encoberta que as outras duas capitais que, mais uma vez, são bastante correlacionadas. Porto Alegre possui um comportamento lateral ao longo do ano em relação ao seu percentual médio de cobertura de nuvens, enquanto que em São Paulo e Curitiba se verifica um aumento nos meses de verão. 



UMIDADE RELATIVA MÉDIA DO AR

A umidade média do ar também se relaciona com as duas anteriores, portanto nos meses de verão Porto Alegre obviamente teria que apresentar redução em seus valores médios, afinal possui menos nebulosidade e maior insolação que Curitiba e São Paulo. Estas duas últimas mais uma vez apresentam uma maior correlação. 



PRECIPITAÇÃO

Diferentemente das variáveis anteriores, essa é a primeira onde não é possível achar uma relação mais estreita entre as três capitais. São Paulo e Curitiba apresentam redução da pluviosidade média no inverno, porém Curitiba não chega a apresentar valor tão baixo quanto São Paulo nestes meses. Os 73 milímetros médios registrados em Curitiba em Agosto não chegam a ser tão baixos quanto os 39 milímetros médios de São Paulo. Porto Alegre, por outro lado, tem crescimento no seu índice médio nos meses de inverno. 



TEMPERATURA MÉDIA

Curitiba e São Paulo apresentam uma amplitude térmica anual menor quando comparada com Porto Alegre, por isso o gráfico da capital gaúcha mostra-se mais "agressivo". Enquanto Curitiba e São Paulo possuem amplitude térmica anual de 7,7C e 6,6C, respectivamente. Em Porto Alegre esse valor é de 10,3C, o que faz a diferença entre a estação fria e quente de Porto Alegre ser mais pronunciada.

Curitiba e São Paulo mostram uma diferença quase que constante ao longo do ano, sendo a primeira sempre mais fria, embora na casa dos 2C nos meses de verão e de 3C nos meses de inverno. 

Porto Alegre já oscila mais em relação às anteriores. Enquanto no verão abre 4,2C de Curitiba, no inverno essa diferença cai para 1,2C. Em relação à São Paulo, a capital gaúcha é mais quente por 7 meses do ano e mais fria pelos 5 meses restantes. 



TEMPERATURA MÁXIMA MÉDIA

O comportamento é similar ao da temperatura média, com Porto Alegre apresentando uma amplitude mais destacada que a das outras duas capitais, pois consegue ser a mais quente nos meses de verão, a intermediária nos meses de outono e primavera e até a mais fria em dois meses do inverno (junho e agosto). Curitiba é a capital que quase sempre mostra a menor máxima, e anda em paralelo junto com São Paulo nas trajetórias de aquecimento e resfriamento.



TEMPERATURA MÍNIMA MÉDIA

Comportamento muito similar ao da temperatura média, com Curitiba sempre se mostrando mais fria que as outras duas capitais. Entretanto, mais uma vez, Porto Alegre mostra maior amplitude entre verão e inverno, enquanto que São Paulo e Curitiba aquecem e esfriam numa proporção mais próxima, embora de uma forma não tão pronunciada como visto no gráfico da temperatura máxima média.



RECORDE DE TEMPERATURA MÁXIMA ABSOLUTA

O gráfico é quase auto explicativo. Os recordes de calor para cada mês do ano são muito próximos entre Curitiba e São Paulo, enquanto que Porto Alegre é quase que absoluta em todos os meses do ano, exceto setembro, único mês que São Paulo bate a capital gaúcha.



RECORDE DE TEMPERATURA MÍNIMA ABSOLUTA

Esta é a única variável onde Curitiba se isola da outras duas capitais e, ao mesmo tempo, é onde Porto Alegre e São Paulo são bem correlacionadas. Os recordes de Curitiba são nitidamente mais extremados. A posição levemente mais meridional da capital paranaense consegue desassociá-la de São Paulo nos eventos de frio extremo, de massas de ar de influência continental, fato este que Porto Alegre não consegue fazer devido à sua altitude ao nível do mar (mesmo que seja até mais influenciada que Curitiba nesses eventos). 



CONCLUSÃO

São Paulo e Curitiba possuem uma dinâmica climática similar para a maioria das variáveis analisadas, exceto quanto aos recordes de frio, onde São Paulo e Porto Alegre se aproximam sobremaneira. Os movimentos ao longo do ano obedecem uma ordem muito próxima para capitais do Paraná e São Paulo, sendo Curitiba sempre mais fria que São Paulo, exceto quanto aos recordes de temperatura máxima, onde estas duas se aproximam bastante.

Porto Alegre possui pouca correlação com São Paulo e Curitiba em relação à nebulosidade, insolação e precipitação, e apresenta-se mais oscilante ao longo do ano quanto ao comportamento das temperaturas, exceto nos recordes de temperatura máxima e mínima, quando a oscilação tende a ocorrer numa mesma proporção das outras duas capitais. No caso do recorde de temperatura mínima, como já foi comentado, além de oscilar numa ordem semelhante, a capital gaúcha registra valores muito semelhantes à paulista.

terça-feira, 2 de junho de 2015

O "Samba do Crioulo Doido" do Início de Junho/2015

O início de junho foi, digamos, friozinho no sul do Brasil. Aliás, foi praticamente a única região do continente com esse comportamento abaixo do normal. Os mapas que posto abaixo mostram a dinâmica da atmosfera sobre a nossa região para os próximos 8 dias, saindo desse friozinho inicial, passando por grande aquecimento no fim-de-semana e terminando com o retorno do frio na metade da próxima semana. Notem que interessante será a evolução das anomalias sobre a nossa região.




Nos próximos dias o frio deverá ir embora e gradualmente teremos o ingresso de ar mais quente sobre o Conesul, o que trará temperaturas muito acima do normal com um pico máximo no próximo fim-de-semana.



Por fim o modelo GFS aposta que o inverno retornaria apenas na próxima quarta-feira.




segunda-feira, 1 de junho de 2015

Backtesting CFS Maio/2015 e Previsão para Junho/2015


No final de abril a média das últimas 40 saídas do modelo CFS previa o seguinte cenário para as temperaturas na América do Sul:



O realizado, mais um vez, foi próximo do previsto. Tivemos anomalias positivas no sul do Brasil e, especialmente, na Argentina, embora no sul do Brasil não tenham sido tão fortes quanto o previsto. As anomalias negativas foram confirmadas no centro e centro oeste do continente.





Para o mês de junho o CFS projeta um incremento ainda maior das anomalias positivas. Praticamente todo o continente sul americano estaria impactado pelo fenômeno El-Niño, que aquece as águas equatoriais do Oceano Pacífico e traz impactos diretos sobre o continente. Porto Alegre aumentaria ainda mais a sua atual sequência recorde de anomalias positivas, conforme já comentado em outros posts deste blog.













Perdurando o atual nível de anomalias, 2015 é postulante ao título de ano mais quente da série histórica de Porto Alegre e de algumas outras estações, especialmente do leste do sul do Brasil.