Gurizada, o mês de julho fechou com média de 15,4C em POA pela estação automática do INMET em Porto Alegre, o que configura uma anomalia de +0,9 em relação à normal 1961/1990. Não se pode afirmar no entanto que essa será a anomalia oficial informada por aquele órgão, pois o seu cálculo obedece ao padrão da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), ou seja, soma-se o dado das 09 horas, 21 horas (x2), mínima, máxima e divide-se tudo isso por 5. Esta média oficial normalmente é muito próxima pela calculada por mim - que é soma dos dados de cada hora do dia dividido por 24 - o que me faz crer que a média realmente ficou ao redor daquele patamar de 15,4C, podendo oscilar, conforme minha experiência, no máximo 0,3C em módulo. Pela normal 1981/2010 calculada pelo NCEP - cujos dados são desconhecidos por mim - o mês ficou mais próximo da média na cidade do Rio Grande do Sul, exatamente como ilustrado pelo mapa abaixo.
Nota-se que o mês como um todo foi sem grandes emoções para o sul do Brasil e região central da Argentina. Além das baixas anomalias, os extremos de Porto Alegre/INMET foram pouco pronunciados, ficando apenas em 5,3C na mínima e em 28,0C na máxima. O Chaco (norte da Argentina, Paraguay e sul da Bolívia), contudo, mostrou anomalias bastante negativas.
O quê esperar para agosto?
Penso que deverá ser mais um mês de anomalias positivas pelo sul do Brasil neste quente ano de 2014. É o que mostra o modelo CFS em sua média de 40 saídas divulgada hoje. Como já havia antecipado neste espaço, este dado do último dia anterior ao mês projetado pelo modelo costuma apresentar um bom nível de confiança.
Reparem que vastas anomalias positivas são prognosticadas para todo Conesul, exceto, mais uma vez, para o Chaco.
A confirmação desse cenário, aliado a um possível resto de ano acima da média, poderá configurar 2014 como um dos anos mais quentes da história climática de Porto Alegre. As condições de temperatura dos oceanos mais ou menos corroboram com essa tendência de aquecimento. Pelo mapa de anomalia de temperatura verificado nas águas da superfície terrestre hoje percebe-se que estamos rodeados por muita água quente, mesmo que algumas manchas de águas mais frias comecem a "pipocar" pelo pacífico equatorial, o que pode ser um sinal de uma possível La-Niña em andamento.
Estas manchas de águas frias ainda são poucos significativas frente às manchas quentes, e estas últimas contrastam com o que normalmente verificamos em anos frios aqui no Rio Grande do Sul. Vejam por exemplo o caso do ano de 1996, um dos anos mais frio que vivenciei aqui no Rio Grande do Sul.
Naquele ano, além de um Pacífico Central bem abaixo do normal, tínhamos um atlântico sul igualmente frio, o que costuma resultar em anos mais frios no sul do Brasil. Pelo visto seguiremos apresentando um clima bom para piscina e ar-condicionado por aqui.
Era isso, minha gente! Um bom mês de agosto a todos!
Seguimos monitorando os acontecimentos da nossa caótica atmosfera!
A anomalia oficial de Porto Alegre em julho ficou em +1,0ºC, bem perto de tua previsão (conforme dados climat). Muito legal tua análise dos fenômenos climáticos!
ResponderExcluirValeu, Artur! Abraços!
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