segunda-feira, 2 de outubro de 2017

2017: Um dos Invernos Mais Quentes do Sul do Brasil

O inverno climático sul brasileiro, composto pelos meses junho, julho e agosto, foi um dos mais quentes da série 1951/2017, especialmente na porção mais meridional da Região. As cidades analisadas, Porto Alegre, Curitiba e Uruguaiana, em suas estações oficiais mantidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia, apresentaram os seguintes dados médios e desvios sobre a normal climatológica 1961/1990)

Porto Alegre: 16,7C (+2,0C de anomalia)
Curitiba: 14,5C (+1,2C de anomalia)
Uruguaiana: 15,6C (+1,4C de anomalia)

São dados bastante significativos, especialmente para a Capital do Rio Grande do Sul. Para esta o inverno de 2017 foi o terceiro mais quente, atrás de 2015 - o mais quente de toda a série -  e 2001. Para Uruguaiana o inverno de 2017 foi o quinto mais quente e para Curitiba foi apenas o décimo sétimo mais quente, o que não torna o inverno da cidade tão destoante da sua normal, embora tenha registrado anomalia de +1,2C.

Se considerarmos o quinquimestre recém finalizado (maio/junho/julho/agosto/setembro (MJJAS)), 2017 foi o mais quente da série para Porto Alegre, com vasta margem sobre o segundo colocado (2015). Veja a seguir as anomalias de cada quinquimestre em cada um dos anos mais quentes.

2017: +2,3C
2015: +1,8C
2001: +1,4C
1972: +1,4C
2012: +1,3C

Notem como três quinquimestres MJJAS mais quentes de Porto Alegre ocorreram nos últimos seis anos. Isso torna a década atual aquela que mantém a média mais alta de invernos desde a década de 50, mesmo que em três anos (2011, 2013 e 2016) a cidade tenha apresentado anomalias negativas em invernos.

Para Curitiba o quinquimestre MJJAS de 2017 não supera o de 2015 como o mais quente por três décimos. Enquanto 2015 registrou +2,3C de anomalia, 2017 ficou com +2,0C. Ainda assim, estes dois anos destoam bastante das anomalias mais quentes que anteriormente eram registradas. Antes de 2015, o ano de 2005 havia sido o que apresentou o quinquimestre mais quente, com anomalia de +1,7C.

Uruguaiana teve o terceiro quinquimestre mais quente em 2017 com anomalia de +1,3C. Entretanto, diferentemente de Porto Alegre e Curitiba, o ano não pode ser considerado uma "aberração climática". Para esta cidade fronteiriça o ano de 1982 foi aquele que apresentou o MJJAS mais quente da série, com +1,9C.

Curitiba e Porto Alegre tiveram sua média de quinquimestre bastante alterada em 2017 muito especialmente em virtude dos valores verificados no mês de setembro. Foi disparado o setembro mais quente da série nestas cidades. A capital paranaense apresentou +4,1C de anomalia, enquanto que a gaúcha +3,8C. O recorde anterior de anomalia para setembro nestas duas capitais era 1,0C mais frio.

A perspectiva para o ano é que este seja o mais quente de todos os tempos em Porto Alegre, com alguma folga sobre o segundo colocado. Até agora a cidade está com anomalia anual de +1,7C. O recorde atual pertence ao ano de 2012 com +1,3C.

Para Curitiba 2017 deve estar certamente entre os mais quentes, pois a anomalia atual é de +1,6C, bem próxima anos recordes - 2002 e 2015 - que registraram +1,9C.

Já para Uruguaiana a perspectiva é menos entusiasmante em virtude dos quatro primeiros meses do ano na cidade, todos com anomalia negativa.

sábado, 8 de abril de 2017

Comparando a Normal Climatológica De 1961/1990 Com a De 1991/2020 Para Porto Alegre, Uruguaiana e Curitiba

A nova normal climatológica - 1991/2020 - ainda não está pronta. Restam apenas quatro anos para que ela se integralize. Porém, já é possível verificarmos como ela está se diferenciando da anterior, a 1961/1990, após 26 anos de dados. As estações analisadas são as do INMET de Porto Alegre/RS, Uruguaiana/RS e Curitiba/PR, e é incrível como a normal climatológica de temperatura mudou de forma distinta para essas três cidades. Enquanto uma esfria, outra esquenta e outra apresenta uma mínima oscilação.

Qual esfriou? Uruguaiana/RS! Dos doze meses do ano, sete nesta cidade do extremo oeste do Rio Grande do Sul ficaram mais frios nos últimos 26 anos, três não sofreram alteração e dois esquentaram. No cômputo anual a cidade acabou ficando mais fria em dois décimos. Vejam na última linha da Tabela-1 abaixo a oscilação em graus celsius entre as duas normais citadas. Todos os primeiros setes meses do ano esfriaram, com destaque para julho (-1,1C) e maio (-0,7C). Os meses que esquentaram foram agosto (+0,2C) e dezembro (+0,1C).

Tabela-1: Médias Climatológicas de Uruguaiana/RS Desde 1951 - Clique Para Ampliar


Agora vamos à cidade que esquentou: Curitiba/PR. A capital paranaense passou por um processo de aquecimento superior em módulo ao resfriamento verificado em Uruguaiana/RS. Todos os doze meses do ano em Curitiba/PR apresentaram aquecimento, sendo nenhum inferior a +0,6C (novembro). Os meses que mais esquentaram foram abril, junho e dezembro, +1,3C, +1,2C e +1,2C, respectivamente. Em virtude disso a cidade viu sua média anual saltar +0,9C, como mostra a Tabela-2.

Tabela-2: Médias Climatológicas de Curitiba/PR Desde 1951 - Clique Para Ampliar


Por último, vamos aos dados de Porto Alegre/RS, a cidade que esquentou, mas não no mesmo teor de Curitiba. Enquanto a capital paranaense esquentou +0,9C na sua média anual, a gaúcha ficou em +0,3C. Dos doze meses do ano em Porto Alegre/RS, o mês que mais esquentou, abril (+0,6) - que também foi o mês que mais esquentou em Curitiba/PR - apresentou o mesmo nível de aquecimento que o mês que menos esquentou naquela cidade. No total, foram 10 meses que esquentaram em Porto Alegre, um que ficou zerado (fevereiro) e um que esfriou -0,4C (julho). Eu como portoalegrense fiquei um pouco surpreso com o dado de fevereiro. Sem analisar os números, eu achava que este mês era um dos que mais havia esquentado na cidade, talvez pela experiência recente de verões muito quentes na cidade. Os dados de Porto Alegre/RS seguem na Tabela-3.

Tabela-3: Médias Climatológicas de Porto Alegre/RS Desde 1951 - Clique Para Ampliar


Fiz um gráfico colocando lado-a-lado a variação mensal das duas normais climatológicas nas cidades estudadas. O eixo X traz os meses e o eixo Y a variação em graus celsius entre estas normais. Percebe-se uma correlação maior entre o "comportamento" das linhas de Porto Alegre e Uruguaiana, estando Curitiba levemente mais destoante. Como a análise das tabelas 1, 2 e 3 mostrou, Uruguaiana/RS se mantém mais abaixo da linha de zero, e Curitiba/PR mais acima.


Gráfico-1: Evolução Linear Das Mudanças Mensais da Climatologia de POA, URUG e CTBA


Esse estudo comparativo traz uma visão alternativa sobre o clima do Brasil, onde o consenso é o de que todo o centro sul do país esquentou. Afinal, os dados de Uruguaiana mostram que pode ser que esse aquecimento esteja mais concentrado na porção leste do país. Precisaríamos analisar mais algumas estações do interior do centro sul para constatar isso. Sem realizar nenhum estudo, eu creio que o aquecimento no atlântico sul nos últimos anos pode ter sido um driver importante para esse aquecimento oriental, afinal o vento leste é o dominante em cidades costeiras da região. No caso específico de Porto Alegre, o vento leste, de origem marítima, é o dominante em 80% dos dias do ano conforme o Atlas Ambiental da Cidade. Pretendo realizar um estudo sobre isso nos próximos meses para ver se é possível achar uma correlação importante.

Abraços!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O Ano de 2016 em Canela/Gramado/São Francisco de Paula

A seguir o fechamento do ano de 2016 para as três estações que mantenho na serra gaúcha. Importante ressaltar que os meses de maio e abril no Castelinho vieram com falhas na tabela. Os valores corrigidos estão logo abaixo.


Canela/Castelinho

Observações: 
- Abril fechou com média de 19,4C e Maio fechou com média de 12,3C
- Abril teve extremos de -0,4C e 31,3C
- Maio teve extremos de -0,2C e 22,4C
- O ano teve 18 mínimas abaixo de zero.
- O ano fechou com média de 15,7C.

Gramado/Alphaville


São Francisco de Paula/Água da Rainha