segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O Calor em Pleno Inverno 2015

O Estado do RS e o Conesul apresentam as maiores anomalias positivas do mundo extrapolar (região que exclui os polos e que conta com um dinamismo climático muito menor que estes últimos) nos últimos 15 dias. O calor absolutamente atípico que estamos experimentando desde o sudeste do Brasil até o centro da Argentina é evidenciado pelas maiores escalas de anomalia do mapa abaixo.



Não é possível perceber por este mapa, contudo, a existência de um bloqueio no meio do Oceano Atlântico que impede o avanço de frentes frias sobre o centro do continente e que acabam ficando bloqueadas na patagônia. Temos que analisar um mapa de pressão atmosférica, abaixo





É possível perceber que estes bloqueios são sistemas de alta pressão de larga escala que provocam ventos de sentido norte na América do Sul e de sentido sul na África, o que resulta no influxo de ar gelado para aquele continente. Enquanto isso, nós "torramos"... São estes bloqueios os causadores do aquecimento local. 

Porto Alegre está com um desvio de +7C nestes primeiros 10 dias de agosto, o que equivaleria dizer que estamos tendo um padrão que seria típico de ser vivenciado na segunda quinzena de novembro. Esta anomalia de Porto Alegre é uma evidência do aquecimento global, então? Nops... O outro gráfico abaixo mostra que o mundo está apenas com uma leve anomalia de +0,17C sobre a sua média histórica, inclusive apresentando uma tendência de queda nos últimos 10 anos. 





Há regiões no mundo onde os últimos 20 ou 30 dias tem sido igualmente anômalos, porém num sentido oposto ao nosso. Vejam como o norte da Europa e boa parte dos Estados Unidos estão vivendo um período razoavelmente abaixo do normal para uma época do ano que se espera justamente mais calor. Isso sem falar que são regiões de invernos rigorosos. Certamente nestas regiões a população local deve estar lamentando a dificuldade de se registrar dias quentes e mais aproveitáveis ao ar livre. Imaginem o caso do povo escandinavo. O verão de lá é quase tão frio como um inverno portoalegrense. Com a anomalia abaixo devem estar experimentando um verão como se fosse um inverno rigoroso na capital gaúcha. 


Últimos 30 dias na Europa



Últimos 20 dias nos Estados Unidos



Assim como ocorre em diversas outras regiões do planeta penso que o aquecimento que estamos passando aqui no sul do Brasil é absolutamente local e, acho, também pontual. Talvez esses eventos anômalos estejam mais exacerbados no passado recente com o advento de fenômenos El-Niño mais potentes, que são eventos que acabam por esquentar as águas do Oceano Pacífico equatorial. No nosso caso sul brasileiro também vejo uma correlação destas anomalias de calor e frio com a temperatura do mar da nossa costa atlântica. 

Os mapas abaixo contrastam a situação da temperatura dos oceanos. O primeiro mostra o dado atual (um ano tipicamente quente) e depois o ano de 1988 (um ano tipicamente frio). A diferença é gritante e pode ser considerada uma evidência do quão expostos estamos às oscilações da temperatura dos oceanos ao nosso redor.


Anomalia de Temperatura dos Oceanos em 10/08/2015 (um ano quente)


Anomalia de Temperatura dos Oceanos em 10/08/1988 (um ano frio)


Estas águas historicamente desempenham um papel importante no nosso clima. Estou preparando um post correlacionando estes mapas de temperatura da superfície do mar com o comportamento dos nossos verões, invernos e anos aqui na nossa região. Não tenho nada pronto ainda, mas numa análise rápida já deu para notar que temos um grau de dependência relevante destas águas.



2 comentários:

  1. Boa tarde!
    Gostaria de comentar que tudo que falam sobre o clima atualmente na mídia é elaborado por AMBIENTALISTAS e não por METEOROLOGISTAS, segue alguns links para vcs entenderem melhor:
    https://www.youtube.com/watch?v=3_GPLlJv6x0 - Programa do Jô - Globo
    https://www.youtube.com/watch?v=qyQCub9p1ME

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  2. Gui, penso que realmente há muito ambientalismo embutido nas idéias que envolvem o tema Clima atualmente, mas não dá pra dizer que é 100%. Há muito debate feito por meteorologistas e climatologistas.

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