segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Aquecimento Global: Agora Vai?

Em época de COP21, a temperatura global monitorada pelo pool de estações do NCEP atingiu uma marca recorde: uma anomalia superior a +0,8C em relação a média verificada entre 1981 e 2010. Antes disso, apenas entre o fim de 2001 e o início de 2002 tivemos marca parecida. Foi quando o mesmo pool de estações apenas encostou na linha de +0,8C.

Os dois gráficos abaixo ilustram a situação, e mostram como a temperatura global no passado recente deu um salto capaz de atingir um patamar sem precedentes.


Gráfico 1: Anomalia de Temperatura Global entre 2005 e 2015

Gráfico 2: Anomalia de Temperatura Global entre 1988 e 2005


Notem que o Gráfico 2 não apresenta nenhum momento onde a temperatura global conseguiu ultrapassar o patamar de +0,8C, justamente onde estamos hoje.

Embora atualmente tenhamos um bombardeio massivo por parte da mídia, organizações não governamentais (ONGs) e determinados institutos de pesquisa (especialmente os governamentais) apontando o CO2 como a causa primária deste aquecimento, muitos outros climatologistas apontam o El-Niño em curso como o principal responsável por esse recente boom, pois historicamente este fenômeno guarda correspondência com períodos de aquecimento do planeta. E esse é o meu ponto de vista, também.

O El-Niño em curso é apontado pelo mapa abaixo de anomalia de temperatura da superfície do mar. É justamente o vermelho mais intenso registrado no Oceano Pacífico Central.

Mapa 1: El-Niño de 2015


Em 2002, na última vez que a temperatura do pool de estações do NCEP também deu um salto, o El-Niño também se fazia presente, porém de forma menos intensa. É o que mostrava a temperatura da superfície do mar naquela época.


Mapa 2: El-Niño de 2002
Pela intensidade deste El-Niño de 2015, muito provavelmente o gráfico de temperatura apresentado no Gráfico 1 manterá sua tendência ascendente. Contudo, penso que, além do El-Niño, também o efeito da crescente urbanização no entorno das estações que formam o pool do NCEP desempenha um papel importante. É importante deixar claro que isso é uma opinião minha e que não há base científica alguma explicando esse ponto. Ainda assim, eu trouxe o gráfico abaixo (Gráfico 3) que traz lastro ao meu ponto de vista. Ele mostra a evolução da temperatura global por intermédio de medições via satélite da camada inferior da nossa atmosfera. 

Gráfico-3: Anomalia de Temperatura Global da Camada Inferior da Atmosfera (Medição via Satélite)


Por este gráfico, nota-se que não há uma correlação perfeita com a evolução de temperatura mostrada nos Gráficos 1 e 2. Neste, o pico de temperatura global se deu justamente durante o El-Niño mais forte já registrado, o de 1997. Mas por qual razão? No meu entendimento a temperatura via satélite é mais pura, não sofrendo intervenção da falta de padronização das estações em terra. Isso porque em terra há estações cujo entorno sofreu mutações (em alguns casos severas) ao longo de sua existência. Há também determinados erros de coleta de dados, porém entendo que este último problema acaba sendo pouco determinante (se é que chega a influenciar algo) em virtude de não serem capazes de formar uma tendência gráfica, diferentemente do efeito da urbanização.

Por outro lado, as medições via satélite, por mais que sejam um método exótico, são padronizadas. A primeira medição realizada em 1979 tem o mesmo método de hoje. Naquele ano o NOAA lançou satélites no espaço carregando instrumentos capazes de medir as emissões naturais de micro ondas térmicas oriundas do oxigênio presente na nossa atmosfera. A intensidade (tamanho das ondas de frequência) das ondas emitidas passou a ser registrada e comparada com a intensidade destas mesmas ondas, porém captadas no futuro. O resultado disso é a formação do Gráfico 3, isto é, a criação de uma informação rica e pura de como está se comportando a temperatura do Planeta Terra.

Para concluir e respondendo a pergunta que dá nome a este post, entendo que não será agora que o aquecimento global irá engrenar. Não somente pelo Gráfico 3 recém apresentado por mim, mas principalmente porque entendo que os principais drivers de aquecimento do Planeta Terra, os fenômenos El-Niño/La-Niña e os ciclos de atividade solar, continuam sendo muito mais determinantes para o controle da temperatura global do que emissões de CO2 - onde ainda não consegui constatar relação alguma de causa e efeito ao longo da nossa história climática. Ainda...! Entretanto, se as correlações começarem a mudar, tudo pode acontecer. Inclusive, minha opinião pode ser revista!



4 comentários:

  1. Parabéns pelo detalhado post expressando tua opinião com argumentos. Eu, particularmente, estou convencido de que o crescimento na quantidade de CO2 é o principal fator da elevação da temperatura da atmosfera e dos oceanos, e, da mesma forma, posso revisar minha posição se houver significativas evidências contrárias. O bom de ler teu texto é que ele é escrito com ponderação, sem o fundamentalismo quase religioso usados por muitos "deniers" do aquecimento globa. A bem da verdade, esse fundamentalismo também caracteriza os discursos e ações de ambientalistas radicais...
    É pelo diálogo entre posições contrárias que se pode chegar mais perto da verdade. Abraço!

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  2. Que bom que você gostou, Artur! Curioso pelo futuro para saber pra que lado vai pender essa barca, se para a tua suspeita ou a minha! Ainda vejo correlação próxima a zero entre o aquecimento global e as emissões de CO2. Não consigo ter essa tua certeza!

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  3. Seu texto é ponderado e esclarecedor, parabéns pelo post.

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