terça-feira, 20 de janeiro de 2015

2014 Foi o Ano Mais Quente da História?

Foi o que disse o NOAA, a administração nacional oceânica e atmosférica dos Estados Unidos, uma agência do Departamento Norte-Americano de Comércio que monitora o clima do mundo. A sua informação foi amplamente divulgada na mídia no último fim-de-semana e vem junto com a sequência de dias muito quentes no centro/leste do Brasil, atingindo as principais metrópoles do país.

Resolvi ir atrás dos dados para verificar como de fato está o mundo. Peguei as medições por satélite sobre a temperatura da camada mais baixa da troposfera e do pool de estações utilizados pelo próprio NOAA para abastecer o NCEP, seu centro de previsão do tempo que demanda de dados de estações meteorológicas e bóias marítimas para alimentar seus computadores.

Abaixo os dados de 2014:

Medição por Satélite da Troposfera (mapa)

Medição por Satélie da Troposfera (evolução gráfica)

Pool de Estações NCEP/NOAA (mapa)

Pool de Estações NCEP/NOAA (evolução gráfica)



Pelos dados acima o ano de 2014 está longe de ser o ano mais quente da história. Tivemos períodos mais quentes logo após o Super El-Niño de 1998 e recentemente entre os anos de 2002 e 2007. Há, inclusive, uma tendência de resfriamento do globo no passado recente conforme a linha vermelha que suaviza as oscilações do gráfico.

O quê, então, sustenta a afirmação do NOAA? É realmente curiosa a afirmação daquele Departamento em vista dos dados acima.

A maior parte dos brasileiros que vive em grandes centros urbanos do leste do país tende a concordar com a afirmação do governo norte-americano, afinal passam por uma onda de calor severíssima que é em várias localidades a mais forte da série histórica (é o caso de São Paulo). Porém, o quê devem estar falando os nossos vizinhos do oeste do país? Afinal, lá eles fazem parte do mesmo Planeta Terra que "aquece" atualmente. Vejamos o mapa abaixo de anomalia dos últimos 30 dias na América do Sul, justamente esse mesmo período em que São Paulo e Rio de Janeiro sofrem com uma tremenda onda de calor.



Eles sofrem com anomalias tão grandes quanto no leste do país, porém ao contrário! Peguemos o exemplo de Uruguaiana, a tórrida cidade fronteiriça do RS que usualmente presencia verões muito quentes. Lá o atual verão está com máxima absoluta de apenas 35,8C, ou seja, apenas 2,8C a mais que a média histórica (eu disse MÉDIA) das máximas da cidade. Seria mais ou menos como se São Paulo não tivesse chegado nos 30C no mesmo período. Resumo da ópera: Uruguaiana e todo oeste do continente vivem um verão tão anômalo quanto o leste, porém em um sentido oposto.

Normalmente tendo a não ir atrás de teorias conspiratórias, mas, mesmo não sendo um profissional da área (sou apenas um amador estudioso do tema), creio que o desejo e a necessidade do NOAA em manter ativo o dreno de recursos públicos para a sua pesquisa em torno do tema Global Warming pode estar guiando as suas conclusões no passado recente. 

Para aqueles que quiserem acessar as minhas fontes de informação para tecer críticas ao meu pensamento, aqui estão os links:

Weatherbell: http://models.weatherbell.com/

Global Temperature Report: http://nsstc.uah.edu/climate/

Climatologia Dr. Roy Spencer: http://www.drroyspencer.com/latest-global-temperatures/

Sintam-se livre para criticar!

Abraços!!


2 comentários:

  1. Acabei de ler a sua matéria. Sensacional, Bruno. É realmente um privilégio ter acesso ao seu ponto de vista e à sua análise. Que vão totalmente de encontro ao senso comum forjado pela mídia e por vários dos principais órgãos pesquisadores do clima. Sempre que eu me deparo com situações como essa eu confirmo a minha visão de que não existe ''isenção'' nem mesmo na pesquisa científica, de que a Ciência não é ''neutra'', de que a pluralidade de pontos de vista é fundamental. Abraço e parabéns.

    Melo

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  2. Obrigado, Melo. Pode não haver isenção suprema em nenhuma análise no mundo, mas temos instrumentos para podermos certificar determinadas afirmações, quanto mais hoje em dia com o advento dessa fonte riquíssima de informações e dados chamada Internet. Temos que tomar cuidado, contudo, para não nos balizarmos por intermédio de opiniões (que podem estar recheadas de más intenções), mas sim com dados brutos. Nada como a fonte bruta de informações para fazer um "check". Confrontar a tese do GW com a opinião de um blogueiro negacionista é algo extremamente fugaz, na minha modesta opinião.

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